Edução é Mudança

Educação, cultura, ciência e tecnologia são fundamentais para a mudança social.

Essas são as maiores vocações da cidade do Rio de Janeiro para ter um desenvolvimento mais dinâmico, justo e sustentável. Precisamos de mais políticas públicas para fazer com que o conhecimento seja o propulsor de um novo modelo de desenvolvimento para nossa cidade, gerando mais prosperidade, emprego e renda para todos os cariocas.
Como Secretária Municipal de Ciência e Tecnologia, ajudei a ampliar e atualizar o projeto das Naves do Conhecimento e Naves Satélites, com programas de formação para as novas tecnologias. Estes espaços são um ótimo exemplo de como a democratização do acesso ao conhecimento, no caso, pela via do universo digital, pode ser trabalhada em ambientes colaborativos e criativos e apoiada pelo governo.
Um projeto estratégico de desenvolvimento econômico de ponta, que explore nossa vocação criativa, é urgente. É neste sentido que a Prefeitura do Rio de Janeiro vem promovendo uma série de iniciativas para reconhecer e estimular nossa produção intelectual e transformar a cidade na capital brasileira da inovação e da tecnologia.
Destacando a produção cultural do Rio de Janeiro como parte de sua identidade e vocação, além de um importante ativo econômico, a Prefeitura do Rio lançou no ano passado o Plano de Investimentos Viva a Cultura Carioca, com recursos de R$ 349 milhões, parte oriunda do próprio município, parte dos repasses da Lei Paulo Gustavo e da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura. Segundo a Secretaria Municipal de Cultura, foi o maior investimento em cultura na história da cidade e contou com a participação da sociedade civil, em uma parceria com o poder público, para identificar quais áreas receberiam os aportes e editais de fomento. Na mesma bandeira de inclusão e democratização que defendo, também aqui a territorialização da cidade foi um pilar, priorizando áreas que normalmente recebem menos investimentos, como zonas Norte e Oeste da cidade.
Na esteira dos investimentos, desde o segundo semestre do ano passado, a Secretaria Municipal de Cultura também realizou obras de reforma de 20 equipamentos culturais do Rio, entre teatros, museus, centros culturais, lonas, arenas e areninhas. E um projeto grandioso, ainda em negociação com o Governo Federal, se desenha: a construção do Parque do Porto, uma orla de convívio público, cultura e lazer na Zona Portuária da cidade.
A transformação da cidade na capital brasileira da inovação e da tecnologia, por sua vez, irá trazer empresas que desenvolvem tecnologia e que empregam pessoas de alta qualificação. Esse caminho é importante para proteger as pessoas das mudanças no mundo do trabalho, preparando a população para se adaptar e manter a empregabilidade.
Uma das iniciativas da Prefeitura do Rio neste sentido foi a criação, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação, do projeto Sandbox.Rio, um ambiente regulatório experimental e controlado para testes de produtos, serviços e processos, que vão estimular o surgimento de soluções inovadoras e tecnológicas para a cidade.
A Lei de Incentivo fiscal 7.000/2021, que reduziu a alíquota de ISS de 5% para 2% para empresas de inovação e tecnologia no Porto atraiu , por sua vez, negócios tecnológicos para a região portuária. A culminância deste movimento veio com a criação do Porto Maravalley, hub de inovação e tecnologia que deve movimentar não apenas o Porto Maravilha, mas toda a cidade, no sentido de formar e reter profissionais qualificadíssimos em ciências exatas e atrair investimentos.

O Porto Maravalley mostra como pode ser bem-sucedida a união do conhecimento gerado por instituições de ensino e centros de pesquisas com empresas de tecnologia. Em um galpão do hub, foi instalada a Faculdade da Matemática – IMPA Tech, primeira graduação do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) e 100% gratuita para alunos selecionados em todo o Brasil, que contarão com ajuda de custo e alojamento.

O investimento nos “profissionais do futuro” também é uma proposta da Prefeitura do Rio, desde 2022, nos GETs (Ginásio Experimental Tecnológico), um modelo inovador de ensino público e de qualidade nas áreas de STEAM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática).
O Rio é um celeiro de inteligência, com grande concentração de universidades e centros de pesquisa. Uma análise das universidades federais brasileiras mostrou que cerca de um quarto dos alunos vem da escola pública e possui renda per capita inferior a 1.320 reais. Políticas como a Lei de Cotas revolucionaram o ensino superior, ampliando o acesso à universidade por grupos historicamente menos favorecidos da sociedade, como negros, indígenas, alunos de baixa renda e oriundos da escola pública. Mais democrática e diversa, a universidade é também um instrumento efetivo de mobilidade social: 70% dos alunos das federais, quando formados, terão um nível de escolaridade superior ao de seus pais. Superar a desigualdade educacional é chave para superar a desigualdade social.
Além disso, cultura, ciência e tecnologia, associadas à educação, também são instrumentos poderosos no combate ao negacionismo e à desinformação.  

Estimular a troca entre instituições de ensino e projetos localizados em comunidades vulneráveis é um caminho já iniciado mas que ainda precisa ser mais fomentado. 

Outro é ficar atento nas transformações do mercado de trabalho: estudos recentes dão conta de como sua estrutura vai mudar com a automação, a robotização e a IA. Diferentes postos de trabalho estão mais ou menos expostos, com riscos de substituição ou mantidos em uma atuação complementar com as novas tecnologias. Uma tendência anunciada por alguns especialistas é a de polarização do mercado, com trabalhos muito bem qualificados e muito bem remunerados de um lado, e os de muito pouca qualificação e muito mal remunerados de outro. Nesta hipótese de futuro, trabalhos rotineiros e “intermediários”, que hoje ocupam boa parte da população brasileira, simplesmente desapareceriam, ameaçando a própria existência das classes médias e tornando ainda mais extremas as diferenças sociais. 

É preciso pensar em como a proteção social pode acompanhar estas transformações. Uma das propostas é de que as pessoas tenham direitos mínimos assegurados por uma renda básica de cidadania. A visão, aqui, não é apenas do combate à pobreza, mas de que, neste mercado de trabalho em transformação, a proteção social não pode mais ser vinculada ao emprego formal. Ela tem de ser vista como um direito, assim como a saúde e a educação. A educação, por sua vez, tem de ser um projeto inovador que também considere tais mudanças, tais como a proposta das Naves do Conhecimento, em um projeto integrado de parceria entre instituições de ensino e empresas.

Também temos de pensar em políticas de desenvolvimento econômico considerando tais transformações. A maior concentração de população em atividades de alto risco de automação está no Sudeste. Então, ao fomentar setores no intuito de aumentar a oferta de empregos, por exemplo, é estratégico que estes investimentos se deem em áreas de maior “perenidade” dos empregos diante das novas tecnologias. É preciso pensar também em como capacitar pessoas para que elas consigam migrar para postos profissionais que exigem mais qualificação, que sejam mais bem remunerados e tenham maior perenidade.

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